Um chiqueiro diferente onde os porcos têm sempre razão. Sinta-se em casa e não peça nada. Uma cervejita gelada? Não espere que eu ofereça. Levante a "bunda" e pegue na "geladeira". O chiqueiro é vosso.
Mais uma grande música da minha vida. Dedico-a a todos os escanzelados, lingrinhas e feios, como eu, que nunca conseguiam "apanhar" as boazonas por quem se apaixonavam, porque elas só queriam os grandalhões bonitões - "If you beleave in the power of magic i can change your life".
Alan Persons Project - Don't answer me
apesar de ainda não ser destaque do Sapo... sinto-me: na boa
Imaginem um reality show em Portugal chamado “Os Tugas têm talento”. Um programa que visava encontrar novos talentos neste jardim à beira mar plantado. Estão a imaginar?
Agora imaginem o naipe de juízes: Rui Reininho, Ana Malhoa e Luís Represas. Continuam a seguir o raciocínio?
Agora pensem numa senhora de quase 50 anos, de lenço na cabeça, com bigode e tudo, vestindo um vestidinho bem simples, estampado de malmequeres, calçando uns soquetes brancos e umas socas vermelhas e vinda da aldeia de Bravo no concelho da Sertã. Completaram o quadro?
A senhora entra no palco. O pessoal ri da figura. Luís represas pergunta:
- Então! Veio à cidade?
- Vim xim xenhora? E estou a gostar muito.
- E aproveitou para passar por cá não é?
- Foi mais ao contrário. Eu vim aqui e aproveitei para visitar Lisboa.
- E a senhora é de onde?
- Eu sou da aldeia de Bravo no concelho da Sertã.
- Ah! Uma mulher de trás-os-montes. E veio aqui fazer o quê mesmo?
- Trás-os-montes?! Bem, vim cantar.
- Ah Tá! E acha que tem pinta para isso?
- Não tantas como o senhor, mas tenho uma muito engraçada aqui na coxa que até lhe posso mostrar...
- Não precisa, obrigado. Ufa... foi por pouco
(a platéia cai na gargalhada) e Represas continua:
- E o que quer ser quando for grande?
- Quero ser cantadeira senhor Represas. Quero ser como a Beatriz Costa.
(a plateia torna a cair na gargalhada)
- Como a Beatriz Costa hein! Não faz a coisa por menos. E porque é que ainda não é cantora?
- Porque nunca tive a oportunidade. Foi por isso que vim aqui hoje
- E o que vai cantar?
- Aldeia da Roupa Branca.
- Vamos lá ouvir “isso” então.
E a senhora começa:
- Ai rio não te queixes, ai o sabão não mata...
E por ali vai, numa voz que faria corar de vergonha a própria Beatriz Costa, tal a qualidade apresentada.
No final, o público fica meio sem saber como reagir. Batemos palmas a tal figura? Dizemos Bravo, Bravo? E se o Juri não gostou? Vamos esperar a opinião do Juri.
Rui Reininho começa:
- Bem, querida, a menina vem aqui cantar dessa forma? Nunca lhe disseram que para ser artista em Portugal não precisa saber cantar? Olhe para mim que sou o exemplo disso. A minha resposta é não.
Segue-se a Ana Malhoa:
- Ai que ridículo esse modelito. Que fora de moda. Sem decote e sem seios siliconados. Além disso, canta melhor que eu e isso não é possível. É não.
Por fim, o presidente do Juri.
- Que ridículo querer ser melhor que a Beatriz Costa. Ninguém consegue igualar essa diva. Além disso tem pouca pinta para cantora. A resposta é não.
E a pobre senhora sai do palco debaixo de uma estrondosa vaia.
Esta história é de ficção, mas não andei muito longe da verdade pois não? Será que Portugal saberia reconhecer um verdadeiro talento como o da senhora que se segue? Eu, infelizmente, e pela leque de cantores que temos, acho que não.
apesar de ainda não ser destaque do Sapo... sinto-me: estupefacto