Um chiqueiro diferente onde os porcos têm sempre razão. Sinta-se em casa e não peça nada. Uma cervejita gelada? Não espere que eu ofereça. Levante a "bunda" e pegue na "geladeira". O chiqueiro é vosso.
Outro dia estava a ver os meus sobrinhos a brincar. Fiquei triste. Achei que as crianças hoje já não sabem brincar. Não têm imaginação. Os brinquedos estão todos partidos e o sonho deles é terem uma “pleiestacion 2”. Passam os dias a verem televisão e por aí vai.
Lembrei-me de como era feliz na minha infância (estou a pensar seriamente em mudar o nome do blog para “Recordar é viver”). Andei uns vinte e cinco a trintas anos para trás e fui desembocar na Calçada do Rio, em Algés.
Naquela rua havia uma pequena praceta com um pequeno parque infantil, com aqueles brinquedos de ferro que hoje são proibidos por serem perigosos (!).
Éramos um grupo grande. Ali a imaginação voava a mil por hora. Éramos polícias e ladrões, astronautas, cowboys e índios, jogadores de futebol e de hóquei. Brincávamos de manhã à noite sem nos preocuparmos com nada. Fazíamos as nossas traquinices como qualquer criança. Partíamos os vidros das portas dos prédios com a bola. Atropelávamos quem nos atravessava à frente. E, uma das melhores que fizemos... vou contar.
Lá na praceta havia, como sempre há, um miúdo mais reguila e mais “mau” que os outros. Era o João. Um dia o João, depois de mais uma briga de que obviamente já não lembro a razão, foi a casa e trouxe a trela do cão para bater no resto do pessoal. Depois do João ter acertado uns dois, o Rui, que era o mais esperto, agarrou um pau e conseguiu enrolar a trela no pau. O João fugiu para casa. Mas, o João naquele dia tinha-se excedido e merecia vingança.
Agora vejam a cabecinha e a imaginação dos “bichos”. Decidimos fazer uma com requintes de malvadez. Corremos várias ruas e catamos todas as bostas de cão que encontramos (Ecaaaa!!! Como fui capaz de fazer isso). Depois recolhemos folhas das árvores e dirigimo-nos ao nosso alvo – O carro do pai do João. Espalhamos a bosta dos cães pelo carro e colamos as folhas na respectiva bosta. O carro ficou lindo, como podem imaginar. Quem não gostou foi o pai do João que foi de casa em casa dos culpados fazer queixa e obrigar os pais a pagar a lavagem do carro. Resultado: Uns quantos dias de castigo.
Também viajei para o parque de campismo do INATEL, na Costa da Caparica. Voávamos nas nossas bicicletas, corríamos livres, muito futebol, muita praia. Um grupo de amigos inseparável. Um dizia mata, o outro dizia esfola.
Tive uma infância realmente muito feliz. E tenho saudades dela. Mas, ao fim de recordar de tudo aquilo, apercebi-me que não foram as brincadeiras que me fizeram feliz. Eram os amigos.
E onde andarão todos eles? O Zé ainda está bem presente. Deu-me a honra de me deixar ser seu amigo até hoje. Mas todos os outros seguiram os seus caminhos sem eu saber onde estão.
O pessoal da rua – O Rui, o André, o Miguel, o Manel, o Gucha, o Carlos, a Tuxa, O João.
O Pessoal do campismo – o Paulo César, o Rui, O João Paulo, o Joãozito, a Sónia, a Susana, a Maria João, o Carlitos, as Carlas.
O Pessoal da escola primária – O Pedro, o João, o Gonçalo, o Ricardo, o José João, a Marina Aurora (o meu primeiro grande amor, que me tratava mal PA caramba), a Susana e tantos outros.
Onde estão vocês? Onde estiverem, obrigado por terem feito da minha infância uma infância realmente feliz... estejam onde estiverem.
apesar de ainda não ser destaque do Sapo... sinto-me: nostágico
Brasil + Carnaval + quarta-feira de Cinzas = Ressaca
Pois é! Aqui no Brasil é assim. O país pára antes do Natal. É o começo do verão e, com ele, as merecidas férias (para alguns). Portanto, Janeiro é passado a meio gás (parece Agosto em Portugal). Depois vem Fevereiro “em Fevereiro tem Carnaval”. Aí o país pára mesmo.
São quatro dias em que ninguém faz nada. Toda a gente viaja para os centros carnavalescos para brincar. Mas se pensa que tudo volta ao normal na quarta-feira desenganes-se.
Na quarta-feira tem o chamado “recesso”. Ou seja, existe uma lei que diz que no dia após o Carnaval o pessoal não precisa de ir trabalhar para poder... descansar (se o Sócrates fizer esta promessa ganha de novo com maioria absoluta).
Vai daí, aqui o tuga é o único a vir para o escritório para “trabalhar”.
Apesar de não ser grande fã do Carnaval e de a cidade onde moro não ter tradições carnavalescas, um gajo não perde a oportunidade de fazer uns churrasquinhos com os amigos e beber uma “jolas” bem geladas (quem vier para o Brasil e não souber que cerveja escolher, aconselho a Skol e a Nova Schin). Vai daí que, ao fim de quatro dias sem fazer nada e só comer e beber, um gajo esteja mais para lá do que para cá – A chamada ressaca.
A ressaca deixa-nos quietos, “sugaditos”, e a mente viaja para qualquer lado.
A minha viajou para o passado – “foi há muitos, muitos anos, era eu uma criança...” ah grande José Cid (alguém se lembra dessa música?).
Dizia eu que fui para o passado e lembrei-me de um LP de vinil que havia lá em casa. Era dos Nazareth e chamava-se “Hair of the dog”. Pelo do cão, em tradução livre, mas que é uma expressão inglesa para... Ressaca.
Lá em casa não havia gira-discos. Havia um gravadorzinho velho onde se ouviam umas cassetes, pelo que passei a minha infância a olhar para aquele LP sem conhecer o seu fantástico conteúdo. Daquele e de outros que lá havia. Havia pelo menos mais uns LP’s do Zeca Afonso, da Sherley Bassey e dois singles - um do António Sala e outro dos “The Cars”.
E perguntam vocês, caso haja alguém aqui e que tenha tido a paxorra de ler este post: Porque é que numa casa onde não havia gira-discos havia esses discos que não tinham nada a ver uns com os outros?
Por causa do Farroscal I. O Farroscal I era exímio a fazer palavras-cruzadas, e tal aptidão fazia com que ganhasse uns prêmios em concursos dos mesmos. Daí os discos de vinil.
Voltemos então ao LP dos Nazareth.
Só muitos anos mais tarde, depois da minha irmã comprar uma estrondosa aparelhagem, é que ouvi aquela obra prima. Obra prima essa que, apesar de velhinha, eu fazia questão de passar nas festas de garagem que tumultuaram a minha adolescência. Era só passar o “Love Hurts” que o pessoal desatava numa beijação de fazer doer os lábios. Aquilo é que eram tempos.
Ainda hoje essa música continua a passar nas rádios e fazer parte das colectâneas das principais musicas românticas de rock.
Foi bom me lembrar de tudo isso que me diz tanto mas que a vocês não diz absolutamente nada.
Uma ressaca que me fez viajar pela infância e adolescência mas, mais importante, me fez lembrar, com saudade, do Farroscal I.
Tentei colocar aqui a música mas ainda não sei como é que isso se faz... Depois alguém me ensina.
apesar de ainda não ser destaque do Sapo... sinto-me: de ressaca e com saudades do F