Eu até posso ser mesmo muito burro (apesar de ser um porco), mas detesto que mo chamem na cara - Isto a propósito da nova lei de financiamento dos partidos políticos.
Confesso que não conheço ao pormenor a nova lei, mas para o que quero chamar a atenção isso também não importa para nada. O que quero chamar a atenção é para o facto de como o PS conseguiu controlar brilhantemente esta questão e tirar dividendos importantes para não se deixar afectar negativamente sobre o assunto.
Se não vejamos: A nova lei foi aprovada por esmagadora maioria pela Assembléia da República, com apenas uma abstenção e um voto contra – de deputados do PS, por sinal.
A bancada governista, com maioria absoluta, tinha indicação de voto. Contudo, houve dois insurgentes que se rebelaram contra a obrigatoriedade de voto imposta pelo partido, e um votou contra e outro absteve-se. E não se passou nada. Estranho não é? É que, há uns anos, quando se votou a lei do aborto, caiu o Carmo e a Trindade quando deputados do PS votaram contra o referido diploma. O partido abriu inquéritos, sindicâncias, foi um problema tamanho família. Agora não se passa nada. Estranho, muito estranho.
Agora, depois da lei aprovada, é que começam a surgir vozes bastante críticas a esta nova lei e que, por sinal, partem de ilustres figuras militantes do partido que detém a maioria da Assembléia. Afirmando mesmo, de forma grave, que esta nova lei é um abuso à democracia e que fomenta a corrupção nos meios políticos. E o PM, membros do governo e deputados do PS não dizem nada. Não se passa nada. Estranho, muito estranho.
Perante tamanha estranheza, vieram a esta cabecinha burra algumas indagações:
1º Porquê tanta passividade com estes companheiros que se insurgem contra uma lei aprovada maioritáriamente pelo próprio partido?
2º Porque é que só depois da lei aprovada é que estas ilustres figuras do PS (Vitalino Canas e António Costa) se pronunciam? Se eram tão críticos porque é que não se manifestaram antes da lei ser votada?
3º Porque é que os partidos da oposição, principalmente os da ala esquerda, estão tão caladinhos?
Como profissional de comunicação – dos maus, é certo – e profundo crente nas teorias de conspiração, tenho para mim que tudo isto é uma brilhante estratégia de comunicação para passar credibilidade, e suposta seriedade, ao partido que nos governa de forma tão competente e superior.
Com esta estocada de mestre o PS consegue passar para a opinião pública – que obviamente censura este tipo de medidas – que é um partido sério, honesto e democrático, que defende a “transparência” e a “moralização” da classe política e, ao mesmo tempo, ainda consegue deixar o ônus da questão nas mãos dos partidos de oposição, que concordaram a cem por cento com tal medida que, supostamente, favorece o aparecimento de corrupção nos meios político-partidários.
Tiro chapéu e curvo-me perante brilhante estratégia da parte do “Engº” Sócrates e dos seus correligionários e, ao “descurvar-me”, sorrio a pensar no Francisco Louçã que, a esta hora, deve estar a pensar: “Porra! Foram-me ao cu e não me pagaram.”
Mas isto são apenas devaneios de um porco burro (porco burro não me soa nada bem... mas “prontos”).