As crianças têm coisas giras, e a minha filha de sete meses conseguiu dar-me uma lição de moral daquelas.
Porque a minha mais que tudo está a fazer um curso, e tem que sair uma vez por semana à noite, cabe-me a mim, nesse dia, cuidar sozinho das tarefas da casa e cuidar da bebé.
E nessa noite assim foi. Passei por casa da minha sogra, peguei na filhota e fui para casa. Como de costume estendi um colchão no chão da sala e espalhei os brinquedos para a minha filha poder brincar à vontade. Sempre debaixo do meu raio de visão, lá a deixei entretida a brincar enquanto acabava o jantar que a esposa tinha começado.
Jantei, lavei a louça e fui brincar com a minha pituskinha. Brincamos, rimos e quando chegou a hora lá lhe dei a “mamadeira”. Troquei-lhe a fralda e, como já estava quase na hora dela dormir, coloquei-a no berço para ver se ela adormecia para eu poder ir passar a ferro umas roupas.
Coloquei-a no berço, à espera que ela adormecesse (é um espectáculo de bom comportamento a minha filha) e fui passar a roupa. Ela que nem é muito de reclamar, naquele dia começou logo a reclamar. Fui ao quarto e lá estava ela em pé, dentro do berço, a olhar para mim com um ar muito triste. Como percebi que ela não ia dormir tão cedo, puxei o berço para a porta do quarto para ela me estar a ver e sossegar (como de costume).
Acabei de passar a primeira camisa e dirigi-me ao quarto para a colocar no guarda roupa. Quando me voltei para trás deparei-me com a minha filha a olhar para mim com um ar muito chateado e com o dedinho indicador em riste virado para mim.
- iiiiiiiiiiiii qqqqqqq brummmmmmm bleeeeeee iiiiiiiiiiii.
- Que foi bebé? Estás zangada com o papai?
- iiiiiiiiiiiiiiiii ddaaaaaaaaaaa breeeeeeeeee aaaaaaaaaaaaaaa.
Fiquei parado a olhar para ela e para o dedinho. E, depois de ter pensado um pouco disse:
- É. Tens razão. Temos tão pouco tempo juntos e quando podemos aproveitar e brincar um tantão eu acho mais importante ir passar a ferro.
Peguei nela, desliguei o ferro e voltamos para o chão da sala onde brincamos os dois até a minha mulher chegar.
Nem preciso de explicar a moral da história, pois não? Levei uma lição de moral da minha filha de sete meses, que tinha toda a razão. E foi uma noite óptima, para repetir na semana que vem.